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Foto do escritorMonica

A história de Migaloo : a baleia jubarte branca

Você já ouviu falar de albinismo, não é mesmo? Mas será que baleias também podem nascer completamente brancas? Respondemos esta questão contando um pouco da história de Migaloo, a baleia australiana.


No dia 28 de junho de 1991, uma baleia jubarte branca foi fotografada passando pela Baía de Byron, o ponto mais leste da Austrália. Naquela época, esse tipo de avistagem era incomum e foi a primeira vez que pesquisadores registraram uma baleia jubarte totalmente branca. O registro foi feito por um grupo de voluntários que estavam pesquisando baleias e conseguiram captar a imagem. Ainda que embaçada, a foto foi tirada através de um telescópio a mais de 5 km de distância.

Anos mais tarde, em 1993, pesquisadores da “Pacific Whale Foundation” registraram outra baleia branca em Hervey Bay, Queensland, também na Austrália. Durante este encontro, eles confirmaram algo inusitado: a baleia era completamente branca e se tratava da mesma vista em 1991. Um fato histórico!

Em 1998, conseguiu-se gravar o canto desta baleia e constatou-se que, pelo padrão de vocalização, o animal era um macho. Já em 2004, cientistas da “Southern Cross University” coletaram amostras de pele de Migaloo após um salto. As análises e os testes genéticos reafirmaram cientificamente que o espécime era realmente um macho, já adulto e com a possibilidade de ter nascido em 1986. Estes resultados confirmaram o que cientistas já suspeitavam nos anos anteriores quando tinham gravado o canto de Migaloo, que apenas os machos cantam.

Os pesquisadores acreditam que Migaloo tinha entre 3-5 anos de idade quando foi fotografado pela primeira vez em 1991. Isso quer dizer que hoje ele tem aproximadamente 30 anos.

Um fato bastante interessante é que o animal tem sido reavistado quase todos os anos na costa da Austrália, mas em 2018 foi visto em águas neo zelandesas cruzando o “Cook Strait”.

Migaloo foi visto inúmeras vezes em anos consecutivos acompanhado de uma baleia jubarte macho conhecida como "Milo". Milo é reconhecido por seu padrão de pigmentação único. Antes destas avistagens, não se sabia que as jubartes machos viajavam com companheiros durante suas migrações. Sabemos que todos os registros são importantes para a conservação da espécie pois fornecem informações valiosas, mas esta baleia em especial, se destaca pela sua “genética albina”, que a torna um case raro de sucesso.

Apesar de Migaloo ser considerada uma baleia albina, suspeita-se que é uma jubarte "hipopigmentada". Este termo significa que, embora sua coloração seja completamente branca, o animal não é albino e sim possuidor de uma condição genética que causa perda de cor da pele. O nome "Migaloo" vem de uma comunidade aborígine em Queeensland que usa este termo para descrever uma "Pessoa Branca".

Migaloo faz parte da população de jubartes do leste australiano que hoje é estimada em cerca de 25.000 indivíduos. Esta população era estimada em mais ou menos 35.000 animais antes do início da caça comercial, mas na década de 1960, quando a caça comercial de jubarte cessou, a população passou a ser menor do que 104 animais. Esta população é uma das seis existentes no Hemisfério Sul que migram anualmente das águas frias da Antártida para dar à luz em águas tropicais quentes.

As jubartes na Austrália são protegidas por rígidas leis e existem regulamentações para empresas de turismo e demais embarcações em observação. Dentre as normas de avistagem, citamos a diminuição da velocidade de deslocamento para 6 nós (= 11 km/h) quando a 300m de distância dos animais e que não se pode aproximar mais que 100m de adultos e 300m quando filhotes estão presentes.

Mas porque Migaloo é uma baleia tão especial?

Além dela se destacar pela sua coloração, existe uma legislação especial regida pelo Governo de Queensland & Commonwealth que é promulgada a cada ano para protegê-la do assédio. Esta lei é um aditivo que exige que todas as embarcações, incluindo jet-skis, estão proibidas de se aproximar menos de 500 m de distância de Migaloo. Além disso, aeronaves não podem baixar mais de 610 m de altura. A multa por violar essa lei é de $16.500 dólares australianos. Mas a obsessão por Migaloo está longe de diminuir. Todos os anos, fãs frenéticos da baleia tentam capturar imagens da rara jubarte. Mas hoje, Migaloo não é a única baleia completamente branca no mundo, existem mais 2 indivíduos (2008 e 2011), um na Austrália e outro no Ártico. Cientistas ainda não têm evidências se há alguma relação entre eles, mas acredita-se que um filhote branco avistado em 2011 pode ser filho de Migaloo.



Escrito por Ticiana Fettermann - Bióloga Marinha e Mestre na Auckland University of Technology (AUT) - NZ.

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